Responsáveis pela concepção, dimensionamento, detalhamento e segurança das estruturas, sejam de edificações ou de obras de arte, os projetistas estruturais são mais do que meros calculistas. Não é à toa que essa designação conferida há anos aos engenheiros especializados nessa atividade esteja em desuso. Desses profissionais depende o desenvolvimento de soluções que são cada vez mais estratégicas para racionalizar o processo executivo das obras e reduzir custos. "O nosso desafio diário é aplicar, com responsabilidade, todo o conhecimento adquirido em prol de uma estrutura segura, de execução e custos compatíveis, sem perder de vista os aspectos éticos e de sustentabilidade", afirma o projetista estrutural Valdir Silva da Cruz, diretor da Socalculo.

Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1980 e 1990, a popularização e aperfeiçoamento dos softwares aposentaram as calculadoras e réguas de cálculo, acelerando a confecção dos projetos e permitindo aos profissionais serem mais arrojados. Em contrapartida, essa espécie de revolução tecnológica levou muitos engenheiros a abrirem seu próprio escritório, resultando no aumento da oferta de profissionais.
Marcos Monteiro, presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), explica que, paralelamente a esse movimento, a remuneração dos profissionais de projeto sofreu drástico achatamento. Entre outros fatores, isso teria ocorrido porque muitos contratantes creem que basta um bom software para gerar um projeto estrutural, o que é um equívoco enorme. Afinal, o desenvolvimento de projetos bem concebidos e compatibilizados depende diretamente da capacidade intelectual dos engenheiros, que precisam de bagagem profissional para lidar com fenômenos estatísticos, bom senso para aplicação das melhores práticas e capacidade de analisar criticamente os desafios construtivos impostos e as diversas soluções estruturais disponíveis.
Diante de tanta responsabilidade, o que se espera de um profissional que concebe estruturas é o amplo domínio sobre a teoria das estruturas, sobre o funcionamento dos modelos estruturais, bem como sobre o comportamento dos materiais utilizados. A troca de informações com outros colegas e a atualização constante também são imprescindíveis a esse profissional, uma vez que normas técnicas, softwares e tecnologias mudam constantemente. "Isso pode ser conseguido por meio de palestras, seminários ou da participação em comitês de estudos e de associações", sugere o engenheiro Valdir Cruz.
A habilidade para trabalhar em equipe e bom relacionamento interpessoal são outras características importantes, já que uma etapa crucial do trabalho do projetista é a compatibilização com outros projetos, como o de arquitetura e o de instalações prediais. "A postura pró-ativa, o desejo de encontrar boas soluções em conjunto com outros profissionais e o respeito pelas demais especialidades são atitudes extremamente bem-vindas a um bom profissional de projetos", afirma o presidente da Abece.
A realização de atividades de pesquisa, via cursos de mestrado e doutorado, assim como a experiência prévia na execução de obras não são requisitos obrigatórios, embora sejam bastante desejáveis. Afinal, a experiência acadêmica é sempre uma oportunidade para aprofundar a formação científica e tecnológica. Já o conhecimento sobre a realidade do canteiro pode ajudar o projetista a compreender de que forma cada decisão sua impacta a produtividade da obra. Em relação à dinâmica do trabalho, Monteiro lembra que o profissional, especialmente no início de carreira, terá suas atividades concentradas dentro de um escritório. "Assim, pessoas muito inquietas e que gostam de serviços externos tendem a não se adaptarem às atividades de projeto", comenta o engenheiro.
Currículo
Atribuições: concepção estrutural, projeto pré-executivo e integração com outras especialidades para compatibilização de projetos, confecção de memorial de cálculo, realização de projeto executivo, detalhamentos e acompanhamento da execução para implantação de eventuais modificações necessárias.
Formação: é importante a realização de cursos de especialização e aperfeiçoamento profissional após a graduação em engenharia civil. Uma exigência comum é o domínio sobre softwares de cálculo e modelos matemáticos. A boa notícia é que a oferta de cursos na área de estruturas é relativamente ampla.
Aptidões: embasamento técnico consistente sobre teoria das estruturas, funcionamento dos modelos estruturais e análise estatística; ótimo raciocínio espacial; capacidade para trabalhar em equipe e facilidade de relacionamento interpessoal; ser curioso e ter postura pró-ativa para identificar problemas e soluções.
Oportunidades de trabalho: principalmente em escritórios de projetos e consultorias, em construtoras e em empresas fornecedoras de sistemas construtivos. Áreas que envolvem sistemas estruturais racionais, como pré-fabricados de concreto, construção metálica e alvenaria estrutural são bons campos para quem busca especialização.
Fonte: http://techne.pini.com.br/
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