quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Projetista de Estruturas

Responsáveis pela concepção, dimensionamento, detalhamento e segurança das estruturas, sejam de edificações ou de obras de arte, os projetistas estruturais são mais do que meros calculistas. Não é à toa que essa designação conferida há anos aos engenheiros especializados nessa atividade esteja em desuso. Desses profissionais depende o desenvolvimento de soluções que são cada vez mais estratégicas para racionalizar o processo executivo das obras e reduzir custos. "O nosso desafio diário é aplicar, com responsabilidade, todo o conhecimento adquirido em prol de uma estrutura segura, de execução e custos compatíveis, sem perder de vista os aspectos éticos e de sustentabilidade", afirma o projetista estrutural Valdir Silva da Cruz, diretor da Socalculo.
O engenheiro, que decidiu atuar nesse ramo ao perceber que "a estrutura era a alma de todas as obras", conta que nos últimos dois anos as oportunidades no campo da engenharia estrutural têm aumentado com rapidez em virtude do crescimento do mercado imobiliário no Brasil. A demanda é ainda mais intensa em áreas relacionadas aos sistemas construtivos industrializados e às técnicas de reforço e recuperação de estruturas, para subsidiar projetos de retrofit, por exemplo.
Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1980 e 1990, a popularização e aperfeiçoamento dos softwares aposentaram as calculadoras e réguas de cálculo, acelerando a confecção dos projetos e permitindo aos profissionais serem mais arrojados. Em contrapartida, essa espécie de revolução tecnológica levou muitos engenheiros a abrirem seu próprio escritório, resultando no aumento da oferta de profissionais.
Marcos Monteiro, presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), explica que, paralelamente a esse movimento, a remuneração dos profissionais de projeto sofreu drástico achatamento. Entre outros fatores, isso teria ocorrido porque muitos contratantes creem que basta um bom software para gerar um projeto estrutural, o que é um equívoco enorme. Afinal, o desenvolvimento de projetos bem concebidos e compatibilizados depende diretamente da capacidade intelectual dos engenheiros, que precisam de bagagem profissional para lidar com fenômenos estatísticos, bom senso para aplicação das melhores práticas e capacidade de analisar criticamente os desafios construtivos impostos e as diversas soluções estruturais disponíveis.
Diante de tanta responsabilidade, o que se espera de um profissional que concebe estruturas é o amplo domínio sobre a teoria das estruturas, sobre o funcionamento dos modelos estruturais, bem como sobre o comportamento dos materiais utilizados. A troca de informações com outros colegas e a atualização constante também são imprescindíveis a esse profissional, uma vez que normas técnicas, softwares e tecnologias mudam constantemente. "Isso pode ser conseguido por meio de palestras, seminários ou da participação em comitês de estudos e de associações", sugere o engenheiro Valdir Cruz.
A habilidade para trabalhar em equipe e bom relacionamento interpessoal são outras características importantes, já que uma etapa crucial do trabalho do projetista é a compatibilização com outros projetos, como o de arquitetura e o de instalações prediais. "A postura pró-ativa, o desejo de encontrar boas soluções em conjunto com outros profissionais e o respeito pelas demais especialidades são atitudes extremamente bem-vindas a um bom profissional de projetos", afirma o presidente da Abece.
A realização de atividades de pesquisa, via cursos de mestrado e doutorado, assim como a experiência prévia na execução de obras não são requisitos obrigatórios, embora sejam bastante desejáveis. Afinal, a experiência acadêmica é sempre uma oportunidade para aprofundar a formação científica e tecnológica. Já o conhecimento sobre a realidade do canteiro pode ajudar o projetista a compreender de que forma cada decisão sua impacta a produtividade da obra. Em relação à dinâmica do trabalho, Monteiro lembra que o profissional, especialmente no início de carreira, terá suas atividades concentradas dentro de um escritório. "Assim, pessoas muito inquietas e que gostam de serviços externos tendem a não se adaptarem às atividades de projeto", comenta o engenheiro.

Currículo
Atribuições: concepção estrutural, projeto pré-executivo e integração com outras especialidades para compatibilização de projetos, confecção de memorial de cálculo, realização de projeto executivo, detalhamentos e acompanhamento da execução para implantação de eventuais modificações necessárias.
Formação: é importante a realização de cursos de especialização e aperfeiçoamento profissional após a graduação em engenharia civil. Uma exigência comum é o domínio sobre softwares de cálculo e modelos matemáticos. A boa notícia é que a oferta de cursos na área de estruturas é relativamente ampla.
Aptidões: embasamento técnico consistente sobre teoria das estruturas, funcionamento dos modelos estruturais e análise estatística; ótimo raciocínio espacial; capacidade para trabalhar em equipe e facilidade de relacionamento interpessoal; ser curioso e ter postura pró-ativa para identificar problemas e soluções.
Oportunidades de trabalho: principalmente em escritórios de projetos e consultorias, em construtoras e em empresas fornecedoras de sistemas construtivos. Áreas que envolvem sistemas estruturais racionais, como pré-fabricados de concreto, construção metálica e alvenaria estrutural são bons campos para quem busca especialização.

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